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O dispensável Senbatsu Sousenkyo




Nesse ano teremos a nona edição do evento mais importante de todo o Grupo 48, o Senbatsu Sousenkyo, ou no bom português as “Eleições Gerais”. Usado como um sistema para afirmar a popularidade e posição das integrantes dentro do grupo, ele representa para muitas garotas a chance de finalmente se destacar dentro dele. Ou melhor, deveria representar.

Cada vez mais o Sousenkyo perde a sua importância diante dos fãs, como foi questionado num tópico postado no 2chan, um popular fórum online nipônico que foi onde pela primeira vez houve um certo descontentamento em massa em relação ao evento.

Para mim, o pior é que aparentemente a decepção ultrapassou a barreira dos fãs e chegou nas próprias participantes.

Recentemente tivemos a notícia de alguns nomes que não se inscreveram para o SSK desse ano, dentre eles grandes figuras dentro do grupo como Kashiwagi Yuki e Yamamoto Sayaka (após um 1º lugar no Kouhaku Utagassen), Kizaki Yuria, Yagura Fuuko, Iriyama Anna, e mais surpreendentemente Kodama Haruka, ainda que sua situação esteja envolta em especulações.

E o porquê delas não se inscreverem? Difícil dizer.

Sobre Kashiwagi e Yamamoto, é esperado que anunciem suas graduações em breve, talvez até mesmo antes do evento, mas é claro que as duas desconversam quando perguntadas sobre.

*Em relação as outras é ainda mais difícil definir qualquer coisa, Yuria vem numa crescente dentro do grupo, ainda que seu rank no Sousenkyo tenha caído de 2015 para 2016. Fuuko vem de um center da edição 2016 (next girls #33), também tinha chances de subir no ranking mas decidiu por não participar.  Anna acabou de lançar um Photoboook de ligeiro sucesso, PB esse que a produção sem cerimônias anunciava repetidas vezes em cada episódio do AKBingo. Levando em consideração graduações recentes e sua posição no evento passado, é o cenário mais positivo dentre todas já citadas.

Um comentário feito pelo Daniel S., um colega do grupo AKB48 BR no facebook toca na ferida de forma concisa:

“De 2015 pra 2016 a menina (Kizaki Yuria) saiu de uma posição de "quase" center do under girls para o next girls [...] mas olhando pela reação la no palco ela não estava nem ai [...] até pq nos singles após o sousenkyo ela estava de senbatsu ou aparecendo bastante em b-sides.

Esse é justamente o ponto que chego para finalizar a questão das members que decidiram não se inscrever. Não existe motivo, ao menos para uma boa parcela delas, disputarem uma competição que não mudará em nada suas posições dentro do G48.

Sayaka é center imbatível do NMB desde a saída da Miyuki. Fuuko, Anna e Yuria ainda que não tenham posições tão a frente do palco, são figuras constantes em seus respectivos grupos. Kashiwagi faz parte da tribuna de honra dos senbatsus, e é praticamente impossível que saia de lá. O Sousenkyo para elas se torna irrelevante uma vez que suas posições em um grupo de sistema basicamente piramidal, já está garantida pela sua representatividade midiática dentro e fora dele e não é uma votação popular que vai mudar isso. AKB pode ser tudo, mas nunca foi uma democracia.

*Edit: Kizaki acabou por anunciar sua graduação para o final do ano. E tivemos outra surpresa, Tomu Muto desistiu de participar do evento.




Um sistema perfeitamente injusto

O maior problema do Sousenkyo (a partir daqui SSK) ao meu ver, é que ele é incapaz de proporcionar uma disputa igualitária entre as garotas. Sejamos sinceros, mais da metade das participantes tem seus lugares garantidos no ranking, sendo a margem de acréscimo ou decréscimo de popularidade é insignificante em relação a questão que levanto.

É claro que não vou partir do principio que uma Sashihara RIno deveria competir em pé de igualdade com uma Nakanishi Chiyori. Mas se analisarmos bem, no pior cenário possível a própria Sasshi cairá apenas uma posição. Se a diferença somente entre o Kami 7 é tão gritante a ponto de não haver sequer a possibilidade de mudanças drásticas dentro dele, somos agraciados com uma competição de resultados redundantes.

Em mais de uma oportunidade vimos a gestão do grupo escolher integrantes menos conhecidas e coloca-las em senbatsus ou até mesmo como center, a fim de lançarem as mesmas aos olhos do público geral, manobra conhecida pelos fãs como “push”. Se no final é a gerência quem define os rostos a serem agraciados com a exposição midiática, já temos um problema de manipulação que até pode ser ingênuo, mas que  influencia nos resultados finais.

“Mas o SSK é lista formada pelos fãs sem qualquer interferência dos produtores”, você pode estar dizendo, e informo que você está errado. O SSK é totalmente dependente do sistema, e as regras do sistema são estipuladas pelos produtores.

Vamos para um exemplo básico utilizando as três mosqueteiras da 14ª geração do AKB, Nana, Mako e Miki que tiveram um push tão absurdo, que inventaram não só uma unit, mas um programa de TV para promover o trio.  Mas e o resto da 14ª geração, será que alguém se lembra? Ou melhor, será que alguém se importa? É claro que não, tanto que todas já são graduadas.

Nana atingiu o senbatsu, Mako quase um center no undergirls. Do resto apenas Miki e  Uchiyama Natsuki rankearam, em posições bem inexpressivas (#61 e #39 respectivamente). Agora será que sem o push Nana e Mako seriam tão populares com tão pouca idade? E o resto, conseguiriam acompanhar a evolução de suas aces de forma mais igualitária ou seriam, da mesma forma como aconteceu, ignoradas?  Podemos apenas presumir que as três mosqueteiras não existiriam e grande parte da 14ª geração ainda estaria batalhando por um lugar de destaque dentro do grupo.

Todas são reféns de um sistema que escolhe por uma aleatoriedade tão massacrante que o sucesso dentro do grupo é muitas vezes confundido com sorte. Sucesso esse que depende mais daqueles que trabalham por trás dos holofotes do que por mérito das integrantes.   

Sem exposição sem voto, e sem o voto não existe a possibilidade de ser ranqueada, simples e cruel.

Chegamos ao problema: Você é coagido a votar em integrantes especificas, enquanto simplesmente ignora outras e nem percebe, tudo por causa de um sistema que favorece A mas negligencia B, C e D.

Antes de finalizarmos essa parte, faz-se necessário esse parágrafo a fim de não deixar pontas soltas. 

Eu entendo a parte capitalista do grupo, certas garotas atraem marcas valiosas, patrocinadores e mídia, o que fornece o bem-estar econômico do G48. Mas julgar isso como um motivo para ignorar a existência de certas garotas, ou no mínimo como uma desculpa para não serem figuras dignas de votos e exposição em um evento criado justamente para isso é, ao menos para mim, incabível. O(s) senbatsu(s) formado no SSK nunca permanece durante todo o ano, na verdade o line-up é válido apenas ao single no qual ele se refere, o prejuízo se existir, será mínimo.

Se a representatividade do evento para as integrantes é ganhar exposição sem qualquer interferência da produção e com a ajuda de seus fãs, por que não transformar o SSK em algo realmente justo? Bom, primeiro porque é em teoria impossível. Como o próprio capitão Nascimento diria, o sistema é refém do sistema.

Como poderiam, por exemplo, criar uma situação para que toda e qualquer integrante tivesse a mesma proporção de exposição para o público? Algumas das meninas participam do elenco de meia dúzia de shows televisivos, outras são modelos de sucesso. Enquanto isso uma parte sequer tem relevância dentro do grupo, imagina fora dele.

Talvez o justo seria algo que nunca foi prática nesse tipo de empreendimento, que é a rotatividade. Talvez uma votação entre as próprias garotas, com os fãs apenas escolhendo um tipo de “parlamento”, que dariam as indicações. Talvez já esteja na hora do SSK chegar ao fim, levando consigo todas as incongruências já discutidas. Talvez eu faça parte de uma minoria, e que grande parte dos fãs estejam mais que satisfeitos de como o SSK funciona.

No fim percebo que o Sousenkyo foi intoxicado por um sistema ufanista, segregacionista e falho. Como culpado, é um ser amorfo alimentado por uma cultura de antes mesmo do AKB48 existir e que infelizmente alcançou o sucesso se utilizando dessas exatas práticas.

Invariavelmente o sistema terá uma natural e lenta evolução, mas será que todos estão dispostos a esperar? Mais uma pergunta cuja resposta, como todas as outras anteriores, podemos apenas conjecturar.

 

 



*O texto a seguir foi uma tentativa de criar um sistema mais democrático em relação as vagas e de como elas seriam preenchidas. Porém, depois de passar dias arrumando e criando regras sobre regras,  cheguei a conclusão que um método 100% justo ficaria tão complexo e longo que seria totalmente impraticável não só como um sistema propriamente dito, mas também como um texto. Logo abaixo temos o que foi a versão mais simples, e umas das primeiras que concebi. Decidi colocar pequenas explicações apenas para ficar um pouco mais claro os problemas que acabei encontrando. No fim, serve apenas a título de curiosidade.

Como tornar o evento justo para toda e qualquer integrante?
O jeito mais viável, seria fornecer aos cinco grupos *o mesmo número de vagas no evento, com um sistema um pouco mais complexo, mas ainda mantendo o mesmo número de eleitas.
*números iguais por fim se mostrou uma escolha desastrosa de minha parte. Primeiro pois, grupos diferentes possuem números de integrantes distintos, tornando a proporção de participantes de cada grupo desigual. Team8 seria o mais problemático, como time sofreria com a diluição junto ao AKB, como grupo tornaria a triagem ainda mais burocrática. Por fim a cada novo grupo criado, toda uma nova restruturação na divisão do número de vagas teria que ser feita. 

Seria então aberta uma pré-eleição. Com apenas um ticket, os fãs poderiam votar em uma menina de cada um dos grupos, formando cinco listas com 14 nomes.

N° de participantes
AKB48 – 14
SKE48 – 14
NMB48- 14
HKT48 – 14
NGT48 – 14

Temos um total de 70 garotas, faltando 10 para completar as 80 elegíveis. E é aqui que podemos ter uma liberdade imaginativa maior.
Seguiremos a máxima de números iguais, assim sendo temos mais 2 vagas livres de cada um dos grupos. A primeira vaga seria preenchida por repescagem, a segunda pior colocada a ganharia.
Decidi pela segunda pior, pois acho que assim evitaria qualquer tipo de boicote por parte dos fãs, se por acaso os mesmos evitarem de votar em uma integrante especifica apenas para garantirem a vaga da mesma.
*A segunda e última vaga, seria dada pelas próprias integrantes já selecionadas, porém de grupos diferentes. Ou seja, as elegidas do AKB selecionariam a vaga de qualquer um dos outros grupos, mas nunca dele mesmo. Podemos criar regras para essa votação. A primeira seria que nem a 15ª nem a última colocada poderiam ganhar a vaga. A segunda seria que, se grupo X vota pelo grupo Y, grupo Y não pode votar pelo grupo X. Parece um pouco confuso, mas seria assim:


Linha de voto:
NGT -> HKT -> NMB -> SKE -> AKB -> NGT
(A linha, é claro, pode ser mudada ano após ano)

*Evitando os grupos de cruzarem os votos, evitamos qualquer tipo de “companheirismo” ou troca de favores, prezando mais uma vez por um sistema o mais justo possível
*funcionaria em tese, na pratica a escolha muito provavelmente seria aleatória. Imaginar que as integrantes realmente iriam discutir sobre quem mereceria a vaga foi infantilmente ingênuo. Laços existem por todo os grupos, kennins e até mesmo algumas garotas que foram transferidas derrubam a ideia de ser uma triagem livre de manipulações.


A inelegibilidade da 15° não é por acaso, evitei com isso alguns problemas que poderiam surgir, como a eleição da mesma se tornar algo corriqueiro, por acharem que isso seria o mais justo e/ou por pressão dos wotas.
Uma última regra para não acontecer de uma mesma garota continuar ganhando a 1º colocação ano após ano (não me odeiem fãs da Sasshi), a partir da terceira vitória a mesma de tornaria uma inelegível no ano subsequente, podendo voltar no ano após o impedimento.
Finalmente temos os 80 nomes e o evento seguiria como de costume.



 escrito por: odonodorefúgio



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